À luz do sol e da lua, sob o fulgor das estrelas ou sob a cúpula do firmamento de azul pleno e tranqüilo, a grama eternamente verde do Paiquerê infinito era o pasto, o leito e o ninho de uma fauna de incontáveis espécies, magnífica e deslumbrantre de beleza.
(...)
E os capões bailavam, rodando à passagem dos caminhantes, no movimento da vida farta, num contágio de eletrizante alegria.
A natureza ali exsurgia em tudo numa glória eterna e incomparável, na paz festiva da abundancia e da fraternidade.
Mas onde era esse rincão do Paraíso?
Todos os índios o descreviam aos férreos homens de aventura e de cobiça de aqueles tempos de dantes, mas esses homens partiam sorrindo à sua conquista e se perdiam no sertão!
Guiavam-se pelas aves em revoada, pelo marulho das águas, pela limpidez translúcida do céu, pelo rugido da Puma e se tresmalhavam na floresta!
Caminhavam pisando urzes sem senti-las, dentro de um sonho, alimentados de desejo e de esperança, e aniquilados por fim estatelavam diante da realidade vencedora da selva e da Montanha!
Onde era, então, o Paiquerê?
***************
O Paiquerê era como a Felicidade: estava em toda parte e em parte alguma! Sem cobiça via-o o índio, estendido e luminoso, farto de frutos, nas terras altas, perto do céu, junto das águas mansas da terra antiga e acolhedora.
Não o via, porém, o egoísta, e entretanto ele ali estava, cobrindo das flores de ouro dos ipês as cabeças dos aventureiros, irradiando para todos os rumos da amplidão o canto das aves que passavam batendo as multicores asas sonorosas bem perto do ambicioso!
***************
Quantas vezes também nós andamos, na alucinação dos desejos, por toda parte procurando, sem nunca encontrar, uma visão sedutora como o Paiquerê!"...
MARTINS, Romario. Paiquerê – Mitos e Lendas, Visões e Aspéctos. Curitiba: 1940. (p. 9-10; ortografia atualizada)
___________________________________________________
Gostaram do texto? Romário Martins, escritor e historiador paranaense, representa, dentro dos temas indígenas para o Estado do Paraná, o mesmo que o General Couto de Magalhães representa nestes mesmos temas para o Brasil.
Hoje é o DIA DO ÍNDIO, uma data simbólica e extremamente modesta criada para homenagear os habitantes nativos do nosso continente, e suas culturas peculiares das quais resta um pouquinho, hoje, no dia-a-dia de todo o povo brasileiro. Infelizmente, a valorização e o respeito ao meio-ambiente natural com sua riquíssima biodiversidade e belíssimas paisagens não foi assimilada pelo colonizador europeu q determinou a maior parte de nossa cultura "civilizada"; mas ainda restam os recônditos entre as montanhas, como mostra o cartum acima.
Esse desenho, pintado com tinta acrílica, é de 1998, e tornou-se o adesivo mais vendido do curumim urbano na época. Também é uma das ilustrações presentes no meu livro de poesia Desenhos de linguagem. Durante o dia vou postar mais algumas homenagens e reflexões sobre a questão indígena. Acompanhe!
Hoje é o DIA DO ÍNDIO, uma data simbólica e extremamente modesta criada para homenagear os habitantes nativos do nosso continente, e suas culturas peculiares das quais resta um pouquinho, hoje, no dia-a-dia de todo o povo brasileiro. Infelizmente, a valorização e o respeito ao meio-ambiente natural com sua riquíssima biodiversidade e belíssimas paisagens não foi assimilada pelo colonizador europeu q determinou a maior parte de nossa cultura "civilizada"; mas ainda restam os recônditos entre as montanhas, como mostra o cartum acima.
Esse desenho, pintado com tinta acrílica, é de 1998, e tornou-se o adesivo mais vendido do curumim urbano na época. Também é uma das ilustrações presentes no meu livro de poesia Desenhos de linguagem. Durante o dia vou postar mais algumas homenagens e reflexões sobre a questão indígena. Acompanhe!
Erick Artmann
Nenhum comentário:
Postar um comentário