20.4.12

Tempo de repensar o Brasil

Ontem foi dia do índio. Quem dera hoje, e amanhã também o fosse!


19 de abril também é o dia do exército!

Afinal, este foi o país dos homens e mulheres que viviam em harmonia com o meio-ambiente... que tinham a sua cultura toda baseada na terra e na floresta! Isso foi há muito tempo... Mas trazemos algum legado dessas culturas, que embora massacradas pela violência do colonialismo territorial e cultural, não é pequeno. No português usado no Brasil temos milhares de palavras de origem tupi, o principal tronco lingüístico dos povos nativos pré-cabralinos. Até mesmo a seminudez nas nossas praias, sem-vergonhice saudável que já nos parece natural e hoje conquista balneários do mundo, herdamos deles. Não há vergonha no corpo humano, seja mais ou menos bonito... a natureza ensinou isso aos povos da mata e eles ensinaram um pouquinho dessa lição de liberdade ao povo invasor, que no entanto usou irresponsavelmente a sua liberdade e acolhida no novo mundo, desnudando e violentando a terra.
Há muito, muito pra se refletir sobre os índios. Surpreendi-me ontem quando percebi que alguns telejornais falaram mais no “dia do exército” em suas comemorações oficiais... Forças armadas são importantes, mas curioso que compatilhem a homenagem no mesmo dia; e irônico, pois os bandeirantes, que matavam os índios (sim, parece que estou simplificando, mas é a crua realidade, não é?!) eram uma espécie de exército. 

Então pra não ficarmos pensando em coisas tristes demais que passaram há séculos e nem falando de coisas trágicas que acontecem até hoje, aqui nesse espaço que é dedicado a um personagem infanto-juvenil, vou propor um bom desafio! Sejamos índios! Façamos do nosso dia a dia uma constante relação de harmonia com a natureza! Converse com as plantas do seu jardim, do seu vaso se não tiver um jardim, ou da praça... nem precisa ser em voz alta, mas dê ao menos um “olá árvore”, ou “erê”, em pensamento, àquela sua prima gigante que você vê quase todos os dias exatamente no  mesmo lugar! Coma mais peixe e menos gado! Mais frutas, nativas de preferência (é fácil saber quais são elas, olha seus nomes: jabuticaba, guabiroba, caju, goiaba, araçá, jerivá, tucumã, abacaxi, buriti, açaí, ‘bararará’ e tal (sim, veja que quase todas têm ba, -ra ou í... rs) e compre menos coisas que vêem em embalagens plásticas!!


Tupi visita seu priminho Krwmym na amazônia. 
O Tupinanquim, esse personagem que você conhece e quando não lembra do nome chama de “indinho”, (porque ele o é!), não foi sempre assim, de pele morena e sangue tupi-guarani! A primeira versão que desenhei, em 1994, era um menino loirinho, inspirado no meu filho que tinha apenas 3 anos, com cortinho de cabelo “surfista”, moda na época, que por sua vez era um estilo inspirado no corte típico de alguns povos indígenas! O Tupinanquim das primeiras tirinhas (cujos originais foram perdidos na redação dum extinto jornal que não chegou a publicá-lo) era um menino branco, descendente de europeus, mas que curtia a natureza e tinha o desprendimento de uma nova geração que assimilava a cultura da nossa terra, tupiniquim por nascimento e por adoção (lembrando que tupiniquim, antigo nome da nação que recebeu os portugueses em 1500, hoje, é um adjetivo que significa simplesmente originário ou característico do Brasil)! 
Depois, percebi que o Tupinanquim deveria ser mesmo um índio! Mas um índio urbano, menino da cidade, pequeno cidadão como toda criança brasileira, morador duma cidade de interior (que também poderia ser uma capital ou o sertão!). Com essa descoberta, de sua origem de sangue tupi (pai) e guarani (mãe), a sua responsabilidade aumentou: ao amor pela natureza e por esportes ligados a ela, deveria se somar a tradição dos antepassados, cultivada mesmo morando na cidade; e dessa forma, o Tupinanquim, além de homenagear os povos antigos que primeiro colonizaram o éden sul-americano, traz a idéia, utópica mas não inverossímil, de assumir a identidade do povo que na verdade somos: miscigenado, não necessariamente nos genes, mas na cultura! e privilegiados por morarmos numa terra rica e abundante em recursos naturais, que devemos explorar sem destruir e já está mais do que na hora de fazer isso.

Assuma o índio que existe em você! Se quiser pode até pintar a cara e usar bodoque, mas principalmente: respeite as culturas humanas e acima de tudo a natureza, onde está a parte de Deus que ainda não conhecemos. Se cultivarmos uma boa relação com a natureza, a vida abundante que ainda existe nessa terra será nossa aliada, e isso é só uma das coisas que os povos antigos das Américas ainda podem nos ensinar!

Um comentário:

  1. a realidade é que no meio do povo brasileiro são poucos que buscam conhecer as suas raízes, a sua história.

    Eu não conhecia esse personagem que vc desenha e achei muito interessante a história sobre ele, principalmente em seu filho ser a inspiração... nossos filhos sempre inspiram a gente!

    bjksssss

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