18.5.10

a cunhantã e seu xerimbabo

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3iC0JsGpgcV1NQdM912vqlkX89FA_9QJdUl4D-CvfAotnLVfEdWmyAtUoWIKxfbMyMybELiL-MeLYmv1CW1w_HGuiF_hJ0za7vYJyajh-pZMgYnpCdpj7nq_Zhu0UpKjOFLuIbQ/s1600/pucaxecor2.jpg

Essa é a Potiquitã, irmãzinha do Tupinanquim. Como sabem, o Tupi é um "curumim urbano", menino índio que mora na cidade e preserva a cultura de seu povo; o mesmo, é claro, acontece com a Poty, só que menina índia é cunhantã (ou 'cunhatã', porque a língua Tupi ainda não tem uma ortografia unificada, nem mesmo uma gramática única/oficial, já que são muitas sublínguas provenientes do mesmo tronco). Optei por "cunhantã" porque vem da junção de duas palavras: cunhã (mulher) e ou têm (pequeno, jovem), logo, o ‘ã’ anasalado escreve-se em português “an” no meio da palavra precedendo a letra ‘t’: cunhantã! Então a Poty é a cunhantã urbana e logo apresentaremos as outras características e qualidades da personagem; mas já vou adiantar duas delas: além de adorar os animais, ela ama o futebol!!!

Mas hoje, já que comecei a falar na ortografia, vou explanar mais algumas coisas acerca dos nomes que derivam das línguas tupi (nheengatu e/ou tupi-guarani): o nome Potiquitã significa “botão de flor”, registrado como potykytã pelo dicionário do Luiz Caldas Tibiriçá[1]. Em 1998 adotei o nome com a ortografia das letras então oficiais, i ao invés de y e qui ao invés de ky, porque na época y e k estavam fora do nosso alfabeto; mas também porque já tinha criado o personagem principal com o nome em português Tupinanquim (fazendo o trocadilho do nome da antiga nação tupiniquim/tupinãky com a tinta que usávamos pra desenhar até o final do século passado... rs). No entanto, para a abreviatura do nome Poti/ significando 'flor', que já é uma abreviatura de potyra, todos os dicionários consultados só registravam poty com y, o que também significa 'camarão'; mas a merda foi ver que Tibiriçá registra poti com i como 'fezes' (?!), e embora outros dicionários não confirmem essa tradução, o detalhe gerou um paradoxo, e assim, desde as primeiras HQs da Poty optei por Potiquitã, quando por extenso, e Poty, como abreviatura ou apelido.

No ano passado tivemos a reforma ortográfica, que readmitiu as letras K, W e Y especialmente para o uso em nomes e em termos de origem estrangeira ou indígena; logo poderíamos adotar um nome como Potykytã sem precisar utilizar o itálico e sem parecer tão estranho para um personagem brasileiro; mas de qualquer forma ficaria diferente do Tupinanquim e, como já são alguns anos de divulgação (ainda que modesta) com essa ortografia, por enquanto manteremos Potiquitã e Poty. É claro que, até o lançamento de uma revista de grande tiragem poderei reavaliar a questão, que fica aberta a opiniões!

E finalmente, vamos ao bichinho de estimação da Poty, o cachorro Pucaxé: sobre o nome, baseei-me no dicionário do Gonçalves Dias [2], que registra pucá xoer = risonho! Logo, pucá xoér > Pucaxé! E ponto final. ... Ou será que podia ser Pucaxó?!!! Rs.

E o porquê de uma menina índia ter como xerimbabo (bichinho de estimação) um cão e não um animalzinho nativo, como um jabuti, papagaio, jaguatirica ou mico como a Tainá?! Porque, como já dissemos, ela é uma cunhantã urbana, e tem acesso às mesmas coisas que todas as crianças da cidade têm. Da mesma forma, o animal de estimação do Tupinanquim é um gatinho, o Nanquim, e ambos, Pucaxé e Nanquim, terão papéis importantes nas aventuras dos nossos jovens heróis tupiniquins!

Até a próxima!


[1] Tibiriçá, Luiz Caldas. Dicionário tupi-português – com esboço de gramática de tupi antigo. 2ª ed. – São Paulo: Traço editora, 1984.

[2] Dias, gonçalves. Dicionário da língua tupi – chamada língua geral dos indígenas do Brasil. Rio de janeiro: Livraria São José,1970 (fac-símile da edição alemã Leipzig, F. A. Brochaus, 1858...)

12.5.10

30 dias pra Copa da África

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPTvjb_EKeQL9rIu8_StZW_OQHAOgN1wzfe-Zq-XHGtM4FJJYmWjAWxR_XIPcCT6-g9RRElPyYh28DY_gW43Z39Py32fV9J0gFSm2WmB18el_r8-snlVSmwDA-sDb1QZkKBddpgQ/s1600/craques1blog.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlQ70QUERwUCfHkQmL6EzKS2ZjOjrlopRULc1WnYvZx2HqF3WOJ7LzSOt9XBaeOa5rJqR5yBwvTg_gKYMWACYagEJz33rIDjdYYgwVbqA8rLubrn8Zb4CASCgre0RwjLUdXDaioQ/s1600/craques2blog.jpg
Esta é uma história sobre futebol, e também sobre o amor que as crianças brasileiras sentem por este esporte. A referência à copa do mundo é uma oportunidade temática: imaginei-a e comecei a desenhá-la em 1998, o ano 1 do Tupinanquim com o seu formato definitivo (ou quase), e também o ano da Copa do Mundo na França. A esperança era de publicar a história ainda naquele ano, mas se a copa passasse antes de terminá-la, e especialmente sem uma nova conquista do Brasil, perderia um pouco desse contexto oportunista apresentado nos primeiros quadrinhos. Foi o que aconteceu, e o gibi número 0 do Tupinanquim, lançado naquele ano, trouxe outra capa e uma curta hq de abertura, sobre o frio e a expectativa do curumim urbano de ver neve em Itaquessaba. Depois disso, devido às dificuldades estruturais, não lançamos outras edições do gibi do Tupi, exceto as edições educativas como aquela dos arroios.
Há quatro anos, antes da copa da Alemanha, tirei da gaveta a HQ “craques...” e terminei de desenhar as últimas das 13 páginas desta parte 1; mas novamente não pudemos publicá-la por falta de tempo. De lá pra cá me dediquei às HQs curtas que foram publicadas no flog e aqui neste blog, e outras mais longas especialmente com o meio-ambiente como tema, ainda inéditas; como me dedico sozinho ao Tupinanquim, nas horas vagas, ainda estou “gestando” o gibi definitivo. Mas não tem jeito: é véspera de uma nova copa, bastante especial por ser nesse continente irmão, a África; todo mundo fala em futebol, e a paixão fala mais alto, principalmente nas crianças (ou nas crianças grandes como nós que gostamos de quadrinhos, de desenhos animados e todo tipo de histórias de aventuras).
Por isso estas páginas estão aqui, com o texto atualizado depois da convocação do Dunga, e novamente a idéia de levar a aventura completa às mãos de apaixonados por quadrinhos e futebol de todas as idades... De novo o projeto é retomado em cima da hora, mas enfim, como eu tuitei outro dia numa observação à correria do Sidney Gusman em relação ao MSP +50, a pressão inspira a ação! Quiçá dessa vez o gibi decole e o time do dunga, a despeito de nossas críticas, também possa realizar um grande espetáculo de futebol-arte como todos nós esperamos da seleção mais assediada do universo!

Voltaremos a falar do projeto, mostrar cenas da HQ e também pequenas animações do Tupinanquim com o tema futebol. Se quiser saber mais sobre o gibi do Tupinanquim e como apoiá-lo na prática, escreva para tupinanquim@gmail.com . É claro que todo incentivo, inclusive moral, sempre é bem vindo, e opiniões sobre a arte também, por isso comentem e ajudem a divulgar o Tupi na net.
E nós também desejamos muuuuuita sorte e sucesso aos convocados da seleção canarinho!

4.5.10

O curumim e o jabuti

O jabuti (ou jaboti), nas américas, e a tartaruga no velho mundo são personagens muito peculiares das fábulas indígenas. O grego Esopo imortalizou a história d"A lebre e a tartaruga" como literatura escrita, mas a esperteza dos quelônios terrestres, esses animais lerdos e aparentemente pacatos, está presente na mitologia oral de inúmeros povos, há milênios. Tem grande importância na cultura Caribenha, mas foi no Brasil, entre algumas nações do tronco Tupi, que o General Couto de Magalhães recolheu no século XIX algumas das fábulas mais curiosas protagonizadas pelo simpático jabuti. Não é a toa que o mais tradicional prêmio brasileiro para a literatura infanto-juvenil tem o nome de Prêmio Jabuti. Como personagem da tradição indígena brasileira, o jabuti também é tema de um livro de Giancarlo Stefani: Yauti na canoa do tempo.

Por enquanto não temos hqs do Tupinanquim com o jabuti, até porque o Tupi vive na cidade, onde criar um animal silvestre seria bem complicado (o mascote do Tupi é o gatinho Nanquim e da Poty, o cachorro Pucaxé - logo vamos apresentá-los devidamente aqui no blog). Mas fiquei feliz ao encontrar no aplicativo Buddypoke do orkut essa tartaruguinha; gravei os gifs das três cenas parecidas e emendei-as; infelizmente o formato gif animado é isso: baixa resolução e mesmo assim arquivo pesado. Mas valeu porque aproveitei pra comentar sobre esse cara tão simpático da tradição tupi-guarani. Como personagem de histórias em quadrinhos da turma, o Jabuti deverá aparecer em algumas das visitas do Tupi às aldeias, como essa de seu priminho Krwmym, que comentamos num post recente.

Acompanhem o blog, pois nesta semana teremos mais atualizações, e no domingo dia 9/5 (dia das mães), uma hq completa com o Tupinanquim, a Potiquitã e a Jacyendi!

PS: precisei repostar a imagem a partir de outro endereço, pq o carregamento através do blogspot não permite gifs animados. agora sim, podemos vê-los se movendo! erick 4.5.10 14h15